domingo, 28 de agosto de 2022

Aprendendo as lições da história

Para podermos avaliar qualquer evento no contexto da atividade humana é recomendável que tenhamos um referencial histórico de confiança. Assim, podemos avaliar mais apropriadamente, e quem sabe sem paixão ou opinião, aquilo que observamos na atualidade. 

Não é de hoje que utilizamos a obra de Will Durant como referencial histórico, pois percebemos neste autor um historiador bastante coerente, com produção literária bastante ampla e consistente, tendo sido um projeto de vida levado a termo por ele e sua esposa Ariel.

Nesta oportunidade queremos indicar especialmente a obra "12 lições da história para entender o mundo", um livro bastante conciso e que nos presenteia com um resumo de tudo que o historiador aprendeu em sua atividade ao longo de toda a sua vida. 

Um livro de leitura muito leve, mas com conteúdo essencial para ajustarmos nossas lentes para entender a história da humanidade. Apesar de ser de interesse deste blog o capítulo "Religião e história", não descartamos a leitura do livro em sua totalidade, que abrange todas os eixos da atividade humana.


No capítulo citado o autor nos mostra os movimentos históricos de valorização ou crítica da Religião, passando por diferentes eventos importantes de nossa civilização e deixando os posicionamentos de vários autores especialistas no assunto, provocando, de forma brilhante, a reflexão sobre o tema.

Os eixos avaliativos dos capítulos compreendem a relação entre história e nosso planeta, a biologia, raças, caráter, moral, religião, economia, socialismo, governo, guerra, crescimento e decadência; finalizando com um capítulo primoroso que responde à pergunta "O progresso é real?".

Indicamos a leitura deste livro para todas as pessoas que queiram ampliar e melhorar a forma pela qual olhamos a realidade que nos circunda.

Te desejo uma boa leitura...

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Para conhecer melhor o Cristianismo

    Recentemente ganhamos um excelente texto sobre o Cristianismo (de presente), trata-se de A Alma do Cristianismo, de Huston Smith autor de best-sellers na área da religião.

    Acreditamos que este título é bastante relevante para se resgatar a essência do Cristianismo, bem como entender o estágio atual das Igrejas Cristãs e seus respectivos segmentos (Católico, Ortodoxo e Protestante). O autor transita pelos seguintes temas:- A COSMOVISÃO CRISTÃ, A HISTÓRIA CRISTÃ e OS TRÊS PRINCIPAIS RAMOS DO CRISTIANISMO HOJE, além de textos introdutórios, bastante leves e didáticos e de um fechamento no mesmo nível. Os capítulos são escritos de forma a informar e provocar, naturalmente, uma reflexão sobre o que se leu.

    Particularmente, sentimos que o livro nos acrescentou muito sobre o desenrolar da história cristã e nos iluminou sobre os fundamentos, especialmente nas diferenças entre as três vertentes atuais do cristianismo. Além de tudo transparece a paixão do autor por sua fé - na vontade de esclarecer-nos sobre ela, sem ser dogmático ou apologético, mostrando o nível que uma pessoa pode chegar ao estar em paz consigo por impregnar-se de uma visão de mundo pelas lentes de sua fé religiosa.


domingo, 15 de agosto de 2021

Para estudar os evangelhos

   Buscando subsidiar os estudos de textos sobre religião, hoje queremos indicar um livro para apoio ao estudo ou leitura dos evangelhos. Acreditamos ser bastante relevante termos um mapa seguro para entendermos o contexto dos evangelhos, pois como já dissemos no post Para ler melhor a Bíblia e outros textos sagrados, é muito importante contextualizar e conhecer o ambiente no qual foram produzidos os textos sagrados. Recomendamos a leitura do post sobre leitura da bíblia para complementar esta leitura.

    O livro Introdução ao Novo Testamento de Raymond E. Brown, publicado pela Paulinas, é um excelente apoio ao estudo dos evangelhos, não devemos nos assustar com a quantidade de páginas deste volume, pois ele é bem organizado e podemos acessar apenas os capítulos que nos interessam, o que não justifica pular as partes introdutórias que nos preparam para uma melhor leitura e entendimento dos evangelhos. O investimento vale a pena para aqueles que desejam conhecer em profundidade a mensagem que os evangelhos nos legaram. Uma boa dica é tentar comprar este livro nos sebos, de vez em quando é possível encontra um exemplar com custo bastante acessível.

    Acreditamos que tanto este quanto outros livros de introdução ou preparo para a leitura dos evangelhos são necessários para ampliar nossa leitura para além das escrituras, tendo em vista que muito está dito nas entrelinhas dos textos, muitas vezes metafóricos e outras vezes dirigidos para situações específicas do momento histórico nos quais foram escritos.

    

    Fica aqui a indicação e esperamos receber comentários daqueles que tiverem a oportunidade de utilizar este livro.











quinta-feira, 3 de junho de 2021

Seria Voltaire ateu?

     É comum termos a ideia de que vários pensadores na história da humanidade foram ateus. É necessário contextualizar o que os homens escreveram, caso contrário, cairemos em falsas conclusões e, pior ainda, propagaremos ideias errôneas sobre pessoas que foram muito importantes para a humanidade, aqueles que costumamos chamar de gênios. Costumo definir como gênios aquelas pessoas, incompreendidas em suas épocas, que escreveram para serem entendidos pelas gerações futuras. Penso que Voltaire se enquadra   nessa definição, portanto, um gênio. Soube ler como ninguém o seu tempo, usou o dom de escrever para propagar a tolerância, defendeu várias pessoas pobres ou injustiçadas usando a sua fama. Foi perseguido, teve que viver fora de seu país, pois, como a história nos mostra e o dito popular ensina: "santo de casa não faz milagre", aconteceu até com Jesus, assim como ocorreu com tantos outros homens que chamaram a atenção pelas suas ideias inovadoras.

    Trazemos hoje para apreciação uma página encontrada em texto de Voltaire, para que você possa aquilatar, por si,  o quanto Voltaire seria ateu. Espero que aprecie e reflita, pois, em nossa cultura é comum criticarmos pessoas ou Igrejas, sem o devido conhecimento histórico e contexto sociocultural onde ocorreram os fatos. Ainda se tem uma crítica muito feroz contra a Igreja Católica, por exemplo, esquecemos que o tempo passou, as coisas evoluíram e aprendemos o quanto a proposta de Voltaire, que criticava fortemente a religião institucional, continua válida, ou seja - a tolerância. Devemos combater ideias e nunca pessoas, pois cada um tem o direito de pensar como bem queira. E no que toca as instituições, devemos avaliar tanto o bem quanto o mal que elas produziram, não nos esquecendo que instituições são feitas e conduzidas por homens, portanto, devemos atribuir as falhas aos homens que dirigem e não às instituições. Mas, isto é tema para outro post...

    O que nos chama a atenção é que o termo ateu (ou herege na maioria dos casos) foi utilizado frequentemente para qualificar qualquer um que não concordasse com a ortodoxia religiosa de seu tempo, como por exemplo Galileu, Giordano Bruno, Copérnico, Espinoza...

    Dito isto segue o escrito de Voltaire encontrado dentre as páginas de seu famoso texto Tratado sobre a  tolerância, o título já diz muito...


ORAÇÃO A DEUS

(VOLTAIRE, Tratado sobre a Tolerância, Cap. XXIII)

fonte:- http://www.bibebook.com/bib/traité-sur-la-tolérance

Portanto, não é mais aos homens que me dirijo; é a tu, Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todos os tempos: se é permitido às criaturas falíveis perdidas na imensidão e imperceptíveis ao resto do universo, ousar te pedir qualquer coisa, a tu que tudo deu, a tu cujos decretos são imutáveis como eternos, dignai-vos olhar com piedade para os erros ligados à nossa natureza; que esses erros não façam nossas calamidades. Não nos deste um coração para nos odiar e mãos para nos matar; ajudemo-nos uns aos outros a suportar o fardo de uma vida difícil e transitória; que as pequenas diferenças entre as roupas que cobrem nossos débeis corpos, entre todas as nossas línguas insuficientes, entre todos os nossos costumes ridículos, entre todas as nossas leis imperfeitas, entre todas as nossas opiniões sem sentido, entre todas as nossas condições tão desproporcionais aos nossos olhos, e tão iguais diante de ti; que todas essas pequenas nuances que distinguem os átomos chamados homens não sejam sinais de ódio e perseguição; que os que acendem velas ao meio-dia para te festejar apoiem os que se contentam com a luz do teu sol; que aqueles que cobrem seus vestidos com uma tela branca para dizer que ele deve te amar não odeiem aqueles que dizem o mesmo sob um casaco de lã preta; se seja igual a adorá-lo em um jargão formado a partir de uma linguagem antiga ou em um jargão recente; que aqueles cujas roupas são tingidas de vermelho ou roxo, que dominam sobre um pequeno pedaço de um pequeno monte de lama deste mundo, e que possuem alguns fragmentos arredondados de um certo metal, desfrutem sem orgulho do que eles chamam de grandeza e riqueza, e que os outros os vejam sem inveja: pois sabes que nestas vaidades não há nada que invejar ou de que te orgulhar.

Que todos os homens se lembrem de que eles são irmãos! Que eles abominem a tirania exercida sobre as almas, assim como abominam o roubo que toma à força o fruto do trabalho e da indústria pacífica. Se as pragas da guerra são inevitáveis, não nos odiemos, não nos separemos no seio da paz, e vamos aproveitar o momento de nossa existência para abençoar também em mil línguas diferentes, do Sião à Califórnia, a vosso bondade que nos deu este instante.

Extraído e traduzido por: Jeferson Betarello (jbetarello@gmail.com)


Sugestões de leitura para conhecer Voltaire: O filosofo ignorante, Tratado sobre a tolerância, Voltaire-Coleção os pensadores da Abril Cultural. Existem vários textos em pdf na internet contendo os romances de Voltaire ou sua biografia, como por exemplo: 

sábado, 29 de maio de 2021

Sincretismo

     Falar de religião implica tocar no tema sincretismo, especialmente no Brasil ou pelo menos mais evidentemente aqui do que noutros países. Temos modos de sentir e vivenciar as religiões com características de nossa cultura. Temos a Umbanda, uma religião que nasceu no Brasil, fruto do encontro da religião colonial católica com os cultos trazidos pelos africanos escravizados, permeados por elementos dos povos indígenas e por fim com a doutrina espírita explicitada nos escritos de Kardec, importada da França por intelectuais brasileiros. Portanto, falar de sincretismo é algo necessário em nosso meio cultural, pois não só a Umbanda possui elementos sincréticos, citamos essa religião como exemplo óbvio para o tema. O autor Leonardo Boff trata de forma bastante rica o tema sincretismo em sua obra Igreja: Carisma e Poder, texto altamente recomendado para quem desejar se aprofundar no assunto. E é Boff que nos explica:

Num estudo bastante minucioso, temos mostrado alhures, que o cristianismo puro não existe, nunca existiu nem pode existir. O divino sempre se dá em mediações humanas. Estas se comportam face a ele dialeticamente: constituem o divino na concreção da história (identidade), revelando-o, bem como o negam, por sua limitação intrínseca (não identidade), velando-o. O que existe concretamente é sempre a Igreja(s) como expressão histórico-cultural e objetivação religiosa de cristianismo, vivendo a dialética da afirmação e da negação de todas as concretizações. (Boff, 1981, p. 150) (grifo nosso)

    Da mesma forma outras expressões religiosas, salvo melhor juízo, não podem expressar-se de forma pura, por conta da mediação humana, permeada pela subjetividade que interpreta e reformula tudo que chega ao ser humano, ficando a cargo das instituições religiosas a concretização mais formal e padronizada do que costumamos chamar de ortodoxia ou doutrina.  A prova disto é que mesmo dentro da fé cristã existem várias Igrejas, ou seja, várias concretizações da religião cristã.

    Mas, será que o sincretismo é algo negativo? O próprio Boff responde: 

O sincretismo, portanto, não constitui um mal necessário nem representa uma patologia da religião pura. É sua normalidade como momento de encarnação, expressão e objetivação de uma fé ou experiência religiosa. Pode, como veremos, apresentar patologias. Mas fundamentalmente emerge como fenômeno universal constitutivo de toda expressão religiosa. (Boff, 1981, p. 151) 

    Assim, desejar que uma religião seja pura em sua expressão pelos seus seguidores é algo desconsidera a realidade do grupo, e provocará cismas como normalmente ocorre nas Igrejas Evangélicas, as quais contam centenas ou milhares em nosso país, cada qual buscando atender o maior ou menor grau de ortodoxia. A aceitação de que o povo em seu meio sociocultural tem demandas e modos de ser que as religiões devem buscar entender e atender são assim explicitadas por Boff:

Impõe-se hoje em dia cada vez a convicção de que o presente sincretismo cristão e católico se tornou incapaz de fazer justiça aos direitos de outra cultura e de responder adequadamente a exigências da alma negra. [...] A umbanda dá a impressão de ser um protesto popular contra todas as formas religiosas importadas e insuficientemente adaptadas ao ambiente [...] Daí se depreende que o futuro do cristianismo no Brasil está subordinado à capacidade maior ou menor que possui de articular um novo sincretismo. Sua atual expressão cultural nos quadros da cultura greco-romano-germânica pertence a sua glória passada. E tudo indica que será definitivamente passada para a nova cultura que entre nós se esboça. (Boff, 1981, p. 170)

    Esperamos ter estimulado a reflexão sobre pureza doutrinária versus sincretismo, algo que julgamos ser visto apenas de forma negativa tanto pelos adeptos quanto pelas lideranças religiosas. Desejamos que um novo olhar sobre o tema, conforme lançado por Leonardo Boff, possa auxiliar na reelaboração das expressões religiosas no sentido de assumir as adaptações necessárias ao meio sociocultural brasileiro, evidentemente sem distorcer a essência das propostas religiosas, porque aceitar que haja sincretismo não implica em converter-se ao que vem de fora mas, aceitar, entender e dialogar visando à conversão para a identidade que abarca o que está nela sincretizado. 

Referência

BOFF, Leonardo. IGREJA: CARISMA E PODER-Ensaios de Eclesiologia Militante. 2. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1981.


    

 







quinta-feira, 13 de maio de 2021

Brasil Sem Religião

    Seguindo na divulgação dos dados dos Censos Demográficos do IBGE (1991, 2000 e 2010) disponibilizamos a consulta relativa ao contingente dos Sem Religião. Em nosso post anterior disponibilizamos os dados sobre o contingente Espírita. Essas páginas de consulta permitem que se especifique o Estado (UF), município, faixa percentual do contingente e a faixa populacional a serem pesquisadas; permitindo que se combinem estes parâmetros para melhor conhecer a evolução e distribuição dos contingentes em nosso país. 

     Veja as tabelas com a população Sem Religião por UF (unidade federativa, ou Estados da União), ao longo dos três últimos Censos Demográficos do IBGE:


    Se você quer avaliar a evolução do contingente Sem Religião ao longo dos três últimos Censos Demográficos do IBGE (1991, 2000 e 2010), clique no link abaixo:-

Basta clicar no link abaixo:-

Evolução percentual média dos Sem Religião (gráfico dinâmico)

Evolução do contingente Sem Religião (consulta parametrizada)


terça-feira, 11 de maio de 2021

Brasil Espírita

    Já se passaram 11 anos desde o Censo IBGE 2010, ainda aguardamos a liberação de orçamento para a realização de um novo censo demográfico, o que poderá ocorrer neste ou no próximo ano. Portanto, julgamos ser muito oportuno publicarmos os dados do IBGE até 2010, o que irá permitir que se conheçam os dados e assim possamos digerir com muito mais propriedade os dados que virão no próximo censo demográfico. Vamos torcer para que logo seja aprovado o orçamento para que possamos avaliar a evolução dos contingentes religiosos em nosso Brasil. 

    Veja as tabelas com a população espírita por UF (unidade federativa, ou Estados da União), ao longo dos três últimos Censos Demográficos do IBGE:


 

    Se você quer avaliar a evolução do contingente Espírita ao longo dos 3 últimos Censos Demográficos do IBGE (1991, 2000 e 2010), clique no link abaixo:-

Evolução percentual média dos Espíritas em cada Estado (gráfico dinâmico)

Evolução do Contingente Espírita no Brasil (consulta parametrizada)


    A imagem abaixo mostra a distribuição espacial dos Espíritas no Brasil, você pode clicar sobre o mapa para ampliá-lo. É possível especificar parâmetros para produzir a imagem geo-espacial, solicite via seus comentários para que possamos liberar, caso haja interesse.



Aprendendo as lições da história Para podermos avaliar qualquer evento no contexto da atividade humana é recomendável que tenhamos um refere...